quarta-feira, 20 de julho de 2016

Aquela inquietação no peito

de quem não sabe o que tá fazendo
de quem tem medo do mundo

de quando você some
de quando não sei a próxima palavra a ser dita

de um domingo parado
de um dia sem café, cigarros, você... enfim, meus vícios

de amores complicados
de amores profundos demais para serem esquecidos

de curtas distâncias
de curtas conversas

de meias palavras
de meias verdades

da vontade de chorar sem saber porquê
da vontade de gritar teu nome

da pressa de te ver
da pressa de calar as vozes na minha cabeça

da TV que noticia tragédias
da TV ligada enquanto a gente transa

de não conseguir mais escrever
de não conseguir saber ao certo tudo que inquieta o peito.

domingo, 27 de março de 2016

Fazes-me, uma metá-fase. Sou um conjunto, um conforto, um lamento, e um desejo. Sou o não concreto, à porta entreaberta, que espera qualquer sentimento. Sou a poesia que nasce da euforia de quem escreveu.

 Escreveu pra não explodir-se. Sou palavras vomitadas no ritmo descompassado. Ai, vê que agonia? Sou tanta coisa que não sou nada. E aconteço sem perceber-me. E estrago meus limites, tão timidamente traçados.  Surpresa, vejo que em mim, cabe o universo todo. E muito mais. Medos e quedas. Termino-me assim. Aniquilada por ser muito. Por ser quase nada. Poeira encabulada..


(Autor desconhecido)
o ápice era o ponto de partida
quando ainda era demorada a tua partida
estou partida
essa parte ida de mim
que tu não levas
aqui falta o que tu não mais preenches
e a sobra de tudo é também o resto do que falta

segunda-feira, 21 de março de 2016

Sem-entes



Nos jogaram à terra,
e então jogaram a terra.
Ao pó retornaremos?
Podíamos ver a terra escorrer por entre os dedos frios e acusadores
Sentimos ela nos tomar,
nós afundamos!
Éramos minoria... toda aquela terra,
e nós
perdidas naquela imensidão de nada
Eles se foram sem olhar pra trás
Estávamos abaixo do solo que eles pisavam,
brotando,
rompendo,
crescendo,
à luz.

Nos enterraram.
E mal sabiam que éramos sementes.