A chuva me agrada. Aqui do lado de fora você parece menos
onipresente dentro de mim. O frio me distrai. As gotas da chuva se misturam às
lágrimas. Já não sei o quanto choro, o quanto minhas lágrimas dizem o que meu
peito sente, os olhos disfarçam e a boca cala.
A chuva me agrada. Porque não há nada que
eu ame como a você, menina.
Ah, se as pessoas soubessem como é
realmente amar, não diriam que amam tantas coisas.
É impossível.
Essa coisa se instala em nós como um
parasita, e suga a vitalidade. Não poderia amar mais uma de você, ou amar algo
como amo você. Eu estaria morta. Mortalmente feliz.
Tantas sensações, informações, prazeres,
angústias que não dou conta, e sinto meu sistema morrer, falhar, dar pane.
Falho e tento outra vez.
Mas pra ti nunca é suficiente, você sempre
quer mais, e eu, pobre de mim, não sei te dizer ''não''.
Antes da falta, eu já te preencho. Mas,
querida, nunca é o suficiente. Não sou boa o bastante pra ti.
A chuva me encanta, porque ela faz comigo o que eu queria fazer contigo. Te tocar, te sentir, te tomar, te pintar, nos
unir e completar, preencher por inteiro e ao mesmo tempo. Antes de você partir
e eu ficar aqui na chuva.
Porque, meu bem, veja bem, por isso a chuva me
encanta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário